quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Quarto Dia

Noite passada um grupo maior deles nos encontrou, temo que o fato de Mateus tenha sido mordido, seja um chamativo para “eles”... Não sei se estamos nos acostumando a ser atacados, se já estamos preparados, ou se apenas somos poucos e por isso conseguimos manter a organização nessas horas.
Conseguimos um caminhão hoje, viajar dentro de uma caixa de ferro ainda me parece o jeito mais seguro de viajar, uma pena que a gasolina não dure para sempre, é impressionante como a gasolina e qualquer outro combustível dos postos se acabou rapidamente nos primeiros meses, eu acreditei que duraria pelo menos alguns anos, mas acho que outras pessoas tiveram a mesma idéia de usar veículos para manter a fuga, e sem ninguém pra produzir, acho que não tinha outro modo.
A maioria dos veículos foi destruída, o caos que se gerou no começo foi imenso, todos queriam fugir, mas nem sabiam para onde, pegaram seus carros e tudo que podiam, e saíram dirigindo, tentando evitar “eles”, pessoas desesperadas no transito... Isso me faz pensar que devia ter sido feita uma lei contra isso em vez de alcoolizadas. Sinto-me estranho tentando ter senso de humor em dias como esses, é como se eu estivesse cometendo um crime contra a humanidade.
Diego falou comigo hoje, acha que devemos abandonar o grupo maior, concordo que esteja arriscado ficar com eles, mas sinto um aperto no coração muito forte em deixá-los. Não por que eu me importe com eles, mas não se importar, é diferente de deixá-los para morrer, em menor numero e com um “deles” no grupo, ainda mais este sendo irmão do líder, duvido muito que sobrevivam muito tempo.
Quem deve ser mais importante, minha vida, ou a vida de varias pessoas. Acho que há algumas semanas eu responderia facilmente esta pergunta, com certeza seria minha vida a resposta, mas já são tantos dias de caminhada e viagem sem nenhum sobrevivente a vista, que começo a duvidar disso, começo a acreditar que a vida do grupo se não é igual é mais, uma pessoa só serve para sobreviver, e não para viver.
Os suprimentos estão acabando, andar pelas rodovias e estradas é mais seguro, porém se não entrarmos em alguma cidade e acharmos comida, estaremos em uma situação pior ainda. Provavelmente resolveremos isso hoje durante a reunião antes de dormirmos. Entrar em uma cidade, ou morrer de fome, ainda não sei o que é pior.
Mais uma noite de vigia, é triste, mas hoje era uma noite que acharia segura dormir, uma mera ironia, pelo menos Julio ficara acordado também, afinal, é o único que sabe dirigir um caminhão sem colocar todas as nossas vidas em risco, é uma boa hora para saber o que ele esta pensando em relação ao seu irmão.

2 comentários:

A. disse...

Mantenha o senso de humor, isso faz bem .

Anônimo disse...

Estou muito curiosa com a atitude que Júlio ira tomar..esse espera pelo desfecho está me matando.

 
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