domingo, 24 de outubro de 2010

Sétimo dia

A noite foi mais clara que o dia para mim, perder tantos companheiros de uma vez, impede que você durma bem. Estamos há dois dias sem parar de caminhar, todos temos medo que os “caçadores” ainda estejam atrás de nós. Ainda não sabemos como eles nos seguem se durante o dia não podem se mover. É como se seguissem nossos rastros, mas acreditar que eles sejam tão inteligentes me assusta profundamente.
O medo, a falta de esperança e de vontade de seguir em frente, atacou dois de nós hoje, eles não agüentaram, e cometeram suicídio. Não posso condená-los, essa idéia passa pela minha cabeça todos os dias, mas ainda tenho um pingo de esperança, uma idéia que me faz seguir em frente e ir para o norte sem desistir, mas sei, que se ela se extinguir, não terei forças para andar.
Os que ainda sobreviveram no grupo estão seguindo Diego e eu, como seguiam a Julio e Matheus, parece que eles não acreditam em si mesmos, e precisam de alguém para guiá-los, isso mostra como meu pensamento estava certo em achar que eles não sobreviveriam sem nós, quando pensamos em abandoná-los. Discutimos a noite, em questão dos “caçadores” não morrerem como os outros com tiros, então Diego teve uma idéia. Conseguimos álcool na cidade, pensamos inicialmente em usá-lo para esterilizar ferimentos, afinal  nossos remédios e ataduras estão acabando e as farmácias pareciam terem sido totalmente limpas naquela cidade. No entanto, Diego teve uma idéia melhor e nos mostrou como fazer um “coquetel molotov”, uma espécie de bomba incendiaria. Eles têm medo da luz, faz sentido, talvez com o fogo possamos lutar contra eles.
Seguir para o norte, procurando um lugar seguro... Esta idéia passamos aos outros, mas sabemos que não existe lugar seguro, mas como sempre digo, a esperança é a única coisa que nos move, mas a minha esperança, não se baseia em um lugar, e sim, em uma pessoa...
Tenho pensado no que fazer se um dia encontrá-la, em onde nos protegeríamos, onde “eles” não nos alcançariam, será que existe um lugar assim? Enquanto a incerteza toma conta de minha mente, tenho que acreditar que esta viva e seguir, para onde possa estar.
Penso em todas as coisas que perdemos desde que o mundo se tornou assim, nunca mais celebraremos um ano novo, um natal ou sequer um aniversario. Nunca mais nos reuniremos na frente de uma mesa, para jantarmos, nunca mais escutaremos aquelas velhas piadas de nossos amigos de infância. Nunca mais tomaremos uma cerveja gelada. Nunca mais iremos a aquela praia, com varias pessoas reunidas, se divertindo... Sorrindo... Acho que nunca mais verei um sorriso...

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