quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Décimo Segundo Dia

“Eles” passaram por nós a noite inteira, por sorte não nos viram, mas estavam em um numero gigantesco, como se seguissem algo. Ou como se “eles” estivessem indo a algum lugar. É assustador tentar ver alguma lógica nas atitudes deles, como se eles pudessem raciocinar.
Ficamos em cima de uma arvore, torcendo para que não olhassem para cima e não aparecesse nenhum “caçador”. Se acontecesse, estaríamos mortos, ou pelo menos, presos ate morrer em cima de uma maldita arvore.Eles não olharam, deviam estar ocupados demais na “maratona-dos-mortos”... Humor negro nessas horas, acho que é prova que estou ficando louco. Será que em algum lugar no mundo alguém ainda ri? Alguém ainda se diverte?
Deviam ser milhares, foi a noite, ficou difícil de ver, mas pelo barulho, era como um exercito se movendo. A menina ficou desesperada, por segundos não entregou nossa posição, enquanto ela dormia, “eles” chegaram, a grande movimentação a acordou, eu tive que ter muita habilidade em pega-la e tapar sua boca, sem nos derrubar de cima da arvore ao mesmo tempo que impedia que nos vissem.
E do mesmo modo como vieram, se foram, indo em direção da estrada. Mais um motivo para evitar estrada.  Pelo que pude observar, eles se seguem, quando um observa o grupo, ele vai em direção. Como se estivessem percebendo que sozinhos são fracos, mas em grande quantidade nada sobreviveria. Seria uma evolução? Instinto? Tantas duvidas, ninguém para responder.
                Foi difícil convencer a menina a descer da arvore, o medo de encontrar com “eles” é obvio nos olhos dela, do mesmo modo que a entendo, chega a ser irritante, pois não temos tempo a perder, o daí deve ser aproveitado ao máximo para viajar, enquanto o numero deles diminui. Mas ela ainda não entende isso, talvez por ser criança ou talvez por ser a primeira vez que sai para o mundo.
Enquanto passávamos por um sitio ou algo que parecia um, observei diversos cavalos mortos, alguns comidos pela metade, outros apenas como se tivessem sido espancados, os portões estavam fechados, mas havia muito sangue entre as vigas de uma cerca, em um ponto único, mesmo ela se estendendo e cercando todos os cavalos, como se algo tivesse passado por ela... Seja o que for, não queria apenas comer como os “caçadores” ou ate mesmo “eles”, queria matá-los ou espancá-los, pois mesmo após comer vários cavalos, apenas matou os outros, sem mordida, sem arranhões, totalmente diferente de tudo que já vi ate agora. A coisa saiu do mesmo modo que entrou, dava pra ver por onde saiu, por que tentou levar um corpo de cavalo por entre as vigas, mas aparentemente não conseguiu, por que o cavalo estava pela metade preso entre a estreita passagem. Nem “caçadores” arrastam sua presa assim, eles matam e comem, só as afastam do grupo, mas não tentam levar embora como se fosse para o lanchinho da meia noite...

Nenhum comentário:

 
Copyright © Diário de um Sobrevivente

"Diario de Um Sobrevivente" | Direitos Reservados |

Converted into Blogger by Intro Blogger