quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Nono Dia

A cada dia que se passa neste novo mundo, descobrimos que não vimos o quão baixo o ser humano pode chegar. Em meio de uma catástrofe total como esta ele ainda pode se mostrar mais sujo do que nunca se mostrou antes.
Chegamos à pequena cidade, à primeira vista, uma grande felicidade, um grupo gigantesco de sobreviventes estava por lá, no entanto, enquanto íamos em direção a eles, para relembrar velhos hábitos humanos de encontrar pessoas novas, algo incrivelmente raro hoje em dia, notamos uma enorme jaula, algo realmente amedrontador.
Aparentava como uma grande quadra de basquete, cercada por cerca e arame farpado por todos os lados, mas repleta de sangue vísceras para todos os lados e dentro daquilo, havia um grande numero “deles”. No primeiro momento achamos que eles os mantinham presos como forma de estudo, mas de toda a forma nos mantivemos afastados e escondidos, neste mundo corremos “deles” e desconfiamos de nós mesmos.
Eles aparentavam um povo pacifico e religioso, tirando o fato da grande jaula, que inocência minha ainda colocar essas duas palavras juntas na mesma frase depois do que vi...
                Estávamos acreditando na segurança de nos apresentarmos a eles, quando Lívia reparou algo mais bizarro que a própria cela, no centro da praça da pequena cidade, havia uma cruz, feita de madeira em tamanho real. E pregado na cruz... Haia um deles...
Antes mesmo de nos recuperarmos do choque daquela cena... Eles começaram uma “missa”, vários, centenas talvez, uma quantidade de sobreviventes que eu não via a muitos meses, todos usavam roupas negras, com véus e capas. Uma beata à frente, gritava sermões da bíblia, como se os conhecesse de cabeça. Ela falava algo sobre o messias voltar dos mortos, e que aquelas criaturas eram divinas...
Eu não pude acreditar, eles idolatram esses monstros, essas coisas que não só destruíram nosso mundo, mas mataram todos que nós amávamos!
Dois homens atrás carregavam uma jaula, coberta por um pano grande, eles arrastaram a jaula ate a grande cela, e então retiraram o pano... Dentro da jaula, havia varias crianças... Eram apenas crianças...
Eles os entregaram como sacrifícios as criaturas, como oferendas... Que tipo de religião pregaria sacrifício de crianças? Que tipo de mente doentia aceitaria tal ato odioso?!
Eu não consegui nem olhar, mas os gritos delas ecoam ao fundo da minha alma, como podem? Como podem ser assim? Como pode o ser humano, no meio disso tudo, ser tão horrível? Nem em meio ao desastre o ser humano é capaz de bondade?
Apesar do grande choque daquilo, nada podíamos fazer, mas tínhamos munição para enfrentar as criaturas, quanto mais para aquelas aberrações que se acham humanas... Fugimos desesperadamente com medo que nos vissem. Como se não bastasse não termos achado comida, nem munição ou qualquer outro suprimento, nossa esperança voltou em baixa, por falta de fé em nós próprios.
E eu que achava que o ser humano não podia ser mais podre...

Um comentário:

Anônimo disse...

Esse post ficou mto bom, a parte da jaula e da missa até me assustou

 
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